“Buongiorno a tutti! Meu nome é Isabelle Garotti, e assim como muitos de vocês, sou ítalo-brasileira. Em 2016 eu me mudei com minha mãe e irmã para Padova para fazer o processo de reconhecimento de cidadania italiana com o auxílio da Jana (Janaina Traversim).
Quando era mais nova fiz uma experiência de intercâmbio nos Estados Unidos e, desde então, tive certeza que gostaria de ter outras experiências no exterior. Porém, antes de ir para a Itália reconhecer minha a minha cidadania, a idéia de fazer faculdade fora do Brasil era uma coisa muito distante da minha realidade.
Uma vez com o passaporte italiano em mãos, muitas portas se abriram, e a possibilidade de estudar no exterior ficou mais real do que nunca.
Inicialmente o meu plano era ir para a Inglaterra e estudar por lá (sonho de infância). Eu até cheguei a ir para Liverpool, porém, uma vez vendo a realidade de lá e colocando na balança todas todos os prós e contras de morar e estudar em um país ou no outro, eu acabei decidindo voltar para a Itália. Sinceramente, não me arrependo dessa escolha.
E foi assim que no ano de 2017 comecei a estudar Relações Públicas na “Università di Udine”.
Durante esses 4 anos que moro na Itália, eu descobri diversas particularidades desse país que me deixaram intrigada. Porém uma das coisas que mais me surpreendeu foi o sistema aplicado nas universidades por aqui em relação ao Brasil.
Para começar existem dois tipos de cursos oferecidos pelas universidades: “numero aperto” e “numero chiuso”. Os cursos de “numero chiuso” (fechado), como na maioria dos lugares, tem uma capacidade máxima de inscritos e a própria universidade seleciona os inscritos em base a pontuação no “test d’ingresso” (vestibular).
Já nos cursos de número aberto (como era o meu no ano que fiz inscrição), não existe um número máximo de inscritos, ou seja, o único requisito para entrar é superar o “test d’ingresso”.
Quando comecei meu curso, tinham mais de 100 alunos e não tinha espaço para todos nós na universidade, então, o reitor fez um acordo com o cinema da cidade e por todo o primeiro ano nossas aulas foram feitas no cinema. Sim! Juro que não estou mentindo 😂😅.
Uma ressalva importante é que a maior parte dos cursos por aqui não são de presença obrigatória. Você pode escolher entre ser “frequentante” ou “non frequentante”.
Normalmente, no primeiro dia de cada matéria, todos os alunos devem estar presentes. Neste dia, o professor se apresenta e passa o programa da matéria tanto para os frequentantes como para os não frequentantes e depois disso o aluno avalia se vale a pena ou não frequentar aquela matéria. Na maioria das vezes, para os “non frequentanti”, os professores dão um livro ou dois a mais para ler para se prepararem para a prova final.
Caso o aluno decida não ser frequentante do curso, automaticamente não poderá fazer as “prove intermedie”, que são os testes que acontecem no meio do semestre e facilitam os estudos e diminuem a quantidade de matéria na prova final. Elas são previstas apenas para aqueles que frequentam as aulas. (Os não frequentantes que lutem haha.)
Brincadeiras a parte, essa é uma opção fantástica para aqueles que, por qualquer motivo, não podem dedicar muitas horas na semana indo até a universidade. Com essa modalidade, aqui na Itália todos têm a possibilidade de estudar (mamães e papais, pessoas que trabalham full time, aqueles que têm qualquer problema de mobilidade ou simplesmente aqueles que moram muito longe da universidade e não tem a possibilidade de se mudar para mais próximo).
No meu caso, eu moro na cidade, mas como esse ano escolhi algumas matérias que se sobrepõem, tive que escolher quais seriam mais adequadas para frequentar.
Porém, não se enganem: mesmo à distância, as universidades aqui são extremamente exigentes, com provas escritas, orais, que por sua vez, podem alterar totalmente sua pontuação final. Por exemplo: depois da prova oral, o professor decidirá se confirma a sua nota da prova escrita, aumenta ou abaixa, pois você deve dominar o assunto por completo. Sem moleza!
Aí surge a pergunta: Mas como funcionam essas provas? Quando você pode ou não fazê-las? Simples: Por aqui nós temos as sessões de exames. Considere que as aulas na Itália começam depois do verão, em Outubro. O calendário da Universidade de 2018/2019, por exemplo, funcionou assim:
Eu posso fazer (ou refazer) qualquer um dos exames quantas vezes e quando eu quiser, basta que eu me inscreva na sessão desejada e me apresente no dia.
Após a prova oral, o professor informa a minha nota e, caso eu tenha superado, eu posso “accettare” ou “rifiutare” essa pontuação, que é basicamente aceitar ou rejeitar a minha nota. Se eu aceito, essa nota será registrada no livro do aluno, mas, se eu eu achar que a nota foi muito baixa e eu posso tirar uma nota melhor, eu recuso, e me empenho mais para refazê-la na próxima sessão de exames. Eu posso, inclusive (se o professor permitir), frequentar de novo a matéria.
Sistema de pontuação na Itália:
As notas aqui vão de 0 a 30, sendo que 18 é a nota mínima para passar o exame.
Para uma pessoa acostumada com as faculdades no Brasil, no começo tudo parece uma loucura, mas, uma coisa que gosto muito daqui é a autonomia que o aluno tem para cursar as matérias no seu tempo e da forma que ele mesmo julgue adequado, proporcionando de consequência uma maior independência.”
Apesar de cada curso e cada universidade ter as suas próprias regras e políticas internas, elas seguem um padrão bem parecido, conforme descrito neste artigo com a experiência pessoal da Isabelle.
Em breve você verá um novo relato explicando os valores e opções de bolsas de estudo que normalmente são encontradas por aqui.
Se você também tem o sonho de obter a sua cidadania italiana e estudar no exterior, a Rosso Passaporto pode te auxiliar desde o processo de obtenção da sua cidadania, até o seu ingresso na universidade.
Caso você não seja cidadão europeu, também oferecemos assessoria para o ingresso nas universidades italianas para cidadãos brasileiros. Entre em contato conosco: info@rossopassaporto.com
*Texto produzido em colaboração com Isabelle A. Garotti, formanda em Relações Públicas pela Università di Udine – IT.